TESTE Publicado em 02/08/2024
Nonono nono nonono (Foto: TESTE)
O vício em pornografia não é saudável. É o que afirmam estudiosos sobre as consequências do consumo excessivo desse tipo de conteúdo.
Personalidades conhecidas mundialmente já revelaram ter tido uma “relação doentia” e experiências “devastadoras” por causa do interesse exagerado pela pornografia, como foi o caso de Billie Eilish, Cara Delevingne, Terry Crews, Jada Smith e Hugh Grant.
Um dos problemas mais percebidos entre os homens - incluindo jovens - estão relacionados à disfunção erétil, ejaculação precoce e ejaculação retardada durante as relações sexuais. Raisa D. Ribeiro, Doutora em Pornografia, compartilha dados alarmantes.
Em uma pesquisa conduzida pela Fundação Reward, da Escócia, o número de homens abaixo de 40 anos que apresentaram disfunções sexuais aumentou de 2% para até 35% entre 2008 e 2018.
"A conclusão a que se chegou é que a causa não é fisiológica, mas psicológica". E qual a relação desses dados com o consumo exagerado da pornografia? Os especialistas explicam a seguir!
Pornografia: saiba onde está o perigo no consumo
Fábio Caló, psicólogo clínico do Instituto de Psicologia Aplicada, alerta que o consumo desse tipo de conteúdo se torna perigoso quando ultrapassa os “limites razoáveis”. E o avanço tecnológico, com a internet de alta velocidade e plataformas que apostam em vídeos curtos, contribuem para isso.
“O perigo está naqueles que buscam na pornografia muitos estímulos num curto espaço de tempo. Essa hiperestimulação produz um padrão similar ao de viciados em drogas”, explica ele.
A especialista desperta para os efeitos similares às drogas: “Pode ser comparado ao vício em cocaína, pois causa os mesmos danos e os sintomas de abstinência são os mesmos. Pesquisas médicas já demonstraram que o efeito da pornografia no cérebro é similar ao do consumo da cocaína. As áreas cerebrais afetadas são as mesmas.”
Como a pornografia afeta as relações sexuais e a saúde mental?
O consumo da pornografia pode afetar a vida sexual e a saúde mental de várias formas. “Os problemas maiores são mesmo sobre a sexualidade (disfunção erétil, ejaculação precoce ou retardada), mas também surgem alguns prejuízos como a concentração, memória, capacidade de organização, cumprimento de horários ou até mesmo transtornos mentais como depressão e ansiedade”, explica Fábio Caló.
Raisa D. Ribeiro cita ainda outros três efeitos preocupantes que costumam ser observados:
Confusão entre sexo pornográfico e sexo da vida real. Isso porque o sexo pornográfico demonstra ausência de consentimento e de práticas sexuais seguras. “Uma estimativa aponta que 95% dos materiais compartilhados nos sites gratuitos são piratas, ou seja, sem autorização das partes ou com violação dos direitos autorais”, explica.
Construção de uma sexualidade violenta, já que a maior parte desses vídeos apresentam relações com violência. “Cerca de 90% dos filmes mais populares contém cenas de agressão física.”
A tolerância é afetada: “Quando o consumidor não consegue mais alcançar satisfação e sente a necessidade de migrar para conteúdos mais violentos e bizarros.”
Mulheres também sofrem com os efeitos do vício na pornografia
De acordo com o relatório anual do Pornhub, um dos sites pornográficos mais acessados mundialmente, 64% dos visitantes são homens e 36% são mulheres; no Brasil, a proporção foi de 61% homens e 39% mulheres em 2022.
"Antes, o pornô era só para homens, com as revistas masculinas, mas desde a gravação de DVDs e a pornografia online, mulheres passaram a acessar esses conteúdos também", acrescenta a advogada.
“Elas se descobriram como seres sexuais também, passam a entender que podem gostar e se interessar por sexo. E também tem o aumento da curiosidade, a apresentação da pornografia pelos parceiros, entre outros fatores”, destaca.
Assim como nos homens viciados em pornografia, as mulheres que consomem esses conteúdos de forma compulsiva também têm o desejo sexual comprometido durante a relação, diferentemente de quando estão consumindo um conteúdo pornô.
“Um ponto importante é que existem grupos de mulheres que assistem ao pornô com olhar crítico”, ressalta o psicólogo Fábio Caló. Esse movimento ajuda a estimular o aumento de conteúdos que não expõem a mulher em posição degradantes.
Eu tenho vício em pornografia?
Para Raisa D. Ribeiro, é difícil medir o estágio do vício. “Não dá para definir um limiar entre o que é um consumo de pornografia saudável e perigoso. É como se me perguntasse quando o consumo de cocaína poderia ser considerado saudável”, compara.
Mas Fábio Caló aponta para alguns sinais que podem ajudar a perceber quando o interesse está fugindo ao controle.
“Quando uma pessoa, constantemente, deixa de fazer o que tem que fazer para assistir pornografia, prejudicando a si ou outros, ela pode estar caminhando para a patologia. Ou deixar de fazer, ou de desejar sexo para se masturbar consumindo pornografia, pode ser outro importante sinal.”
Ela concorda que alguns fatores podem ajudar nesse processo. “Quando as pessoas identificam, geralmente, estão em uma fase mais avançada, consumindo esses materiais todo dia e várias vezes por dia. Se o consumo está preenchendo muitas horas da sua semana, é o momento de ligar o alerta”, aconselha.
Outra dica é a forma de consumo: “O público de pornô costuma abrir muitas telas ao mesmo tempo para procurar o vídeo perfeito e adiantar os vídeos para as partes de maior excitação. Isso gera a liberação de altas doses de dopamina, neurotransmissor responsável pela busca do prazer e responsável pela dependência.”