IBGE Publicado em 03/08/2024
(Foto: IBGE)
A obtenção de dados mais qualificados, a interoperabilidade das bases de dados e a comparabilidade das informações são esforços globais que vêm sendo empreendidos por Institutos Nacionais de Estatísticas (INEs) de diferentes países e por organismos como a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe - CEPAL e a Divisão de Estatística da Organização das Nações Unidas – ONU. A tecnologia abre novas oportunidades para esse aprimoramento, mas há inúmeros desafios técnicos, financeiros e de governança.
Esses foram alguns temas debatidos, na manhã desta quarta-feira 31, durante a mesa redonda: Tecnologia e Dados, que abriu as discussões do terceiro dia da Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados - Soberania Nacional em Geociências, Estatísticas e Dados: riscos e oportunidades do Brasil na Era Digital (CONFEST/CONFEGE). A Conferência está sendo promovida pelo IBGE para coordenar o debate em torno do Sistema Nacional de Geociências, Estatística e Dados (SINGED) e vai até sexta-feira, 2, no Campus Maracanã da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), parceira do Instituto no evento.
Capela Ecumênica da UERJ recebe mesa sobre tecnologia e dados - Foto: Juliana Eulálio
Na abertura da mesa, a diretora de Geociências do IBGE, Ivone Lopes Batista, destacou que o mundo está cada vez mais digital e os governos lidam com volumes massivos e crescentes de dados provenientes de diversas fontes, e, por este motivo, a compatibilização e compartilhamento de dados é crucial. Neste sentido, uma infraestrutura de dados que contribua para a eficiência operacional e limitação de redundâncias otimizando processos e reduzindo custos é o que se busca. “Hoje a produção descentralizada em muitas instituições cria situações de redundâncias de dados e custos operacionais e de processamento em cada instituição. Nesse contexto é importante trazer ao debate o emprego de conceitos e recursos como big data, de novos modelos de arquitetura de integração, parâmetros de interoperabilidade, ciência de dados, inteligência artificial, software livre e maiores automações de processos e serviços”, alertou a diretora de geociências.
Ivone Lopes Batista, Diretora de Geociências do IBGE - Foto: Juliana Eulálio
Ela explicou que o IBGE vem se alinhando ao debate global usando quadros de referência pela necessidade de criar parâmetros de comparabilidade. Um exemplo é o Quadro Integrado de Informação Geoespacial das Nações Unidas (UN-IGIF), dividido nos pilares de governança, tecnologia e pessoas. “Estruturado na ONU, o UM-IGIF é uma referência para desenvolver, integrar, fortalecer e maximizar o dado”, completou Ivone, ressaltando que a informação geoespacial, apresentada como uma estrutura integrada, um recurso de informação nacional que representa um ativo para os governos. “A localização sempre foi um parâmetro importante. Tudo acontece em um lugar e quanto melhores os mapas, melhores as tomadas de decisão. Os mapas sempre foram usados historicamente. Hoje a informação digital agrega valor. Informações geoespaciais refletem a versão digital do mundo físico”, resumiu a diretora de geociência.
Público lota capela Ecumênica no terceiro dia da Conferência da Era Digital - Foto: André Martins
Rolando Ocampo, diretor da Divisão de Estatística Regional da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL), ressaltou a necessidade de se alinhar aos modelos e normas técnicas internacionais. A Cepal trabalha para a criação de um ecossistema integração e interoperabilidade dos dados, e no fortalecimento das capacidades nacionais para a implementação de geoportais estatísticos.
“O Ecossistema começou em 2006, com uma base de dados. Em 2013, lançamos o primeiro Geoportal. Em 2020, lançamos o anuário estatístico e no ano seguinte iniciamos o debate para atualização do ecossistema, lançando o novo portal CepalGeo em 2023. É fundamental avançarmos na integração de dados da Região da América Latina e do Caribe. A necessidade de atualização é constante e é preciso fortalecer as capacidades e a colaboração entre os INES. O IBGE tem papel fundamental para apoiar outros países”, afirmou Ocampo.